segunda-feira, 3 de março de 2014

História pós-colonial (1956 até o presente)

Tensões políticas e religiosas minaram a estabilidade do país e, ainda em 1956, rebentou a guerra civil, iniciada no sul, contra o domínio do norte. Em causa estavam as rivalidades seculares entre o Norte, de religião muçulmana, e o Sul, de tradição cristã e animista de expressão africana. Em 1958, após as primeiras eleições, o novo governo foi derrotado pelo tenente-general Ibrahim Abboud, o qual dissolveu o Parlamento, suspendeu a Constituição, declarou lei marcial e se autoproclamou primeiro-ministro.4 Em 1964, Abbud foi deposto por uma revolução popular e assumiu o poder um Conselho de Estado. 4
Em 1969, um grupo de militares dirigido pelo coronel Yaffar al-Numeiry (Djafar al-Nimayri) assumiu o poder via golpe militar4 e, três anos mais tarde, em 1972, negociou um cessar-fogo com os separatistas do sul, dando-lhes certa autonomia, pondo fim à guerra civil, que durava havia 16 anos.4 Numeiry formou um governo de esquerda e, em 1973, proclamou o Sudão um Estado de partido único. Após várias tentativas de golpes de Estado (como o de 1971), Numeiry expulsou os conselheiros militares soviéticos (1977) e voltou-se para o Egito e os Estados árabes conservadores do Ocidente, aos quais solicitou ajuda política e econômica. Nesse mesmo ano, um acordo de reconciliação nacional permitiu o retorno ao Sudão dos líderes da oposição islâmica no exílio. Esta nova orientação política permitiu negociações com a Etiópia, de que resultou um acordo com Addis-Abeba e o aumento da popularidade do general Numeiry. Na década de oitenta, o Sudão recebia um auxílio estrangeiro superior a 700 milhões de dólares, mais do que qualquer outro país africano.
O país viria a ser assolado pela seca, que deixou vastas áreas desertificadas. A estabilidade do país se viu ameaçada pela chegada de um milhão de refugiados da Eritreia, Uganda, Chade e, principalmente, Etiópia, onde eram vítimas de fome e de guerra. A economia sudanesa só se tem mantido à custa de subsídios dos países árabes ricos, da União Europeia e dos Estados Unidos. Em 1983, o presidente Numeiry ganhou as eleições pela terceira vez e tentou consolidar a sua base de apoio entre os fundamentalistas islâmicos introduzindo a lei islâmica (sharia)4 , com severas punições sob a forma de açoitamentos, mutilações e enforcamentos. Esta política desencadeou o reinício das atividades guerrilheiras separatistas no sul do Sudão entre os não muçulmanos (2ª Guerra Civil Sudanesa).4 O Exército de Libertação do Povo Sudanês (ELPS) afundou um barco no Nilo, causando centenas de mortes e bloqueando o tráfico fluvial, atacou instalações estrangeiras e minou estradas e linhas-férreas.
Movimentos populares e greves incentivaram a derrubada do governo de Numeiry pelo exército, liderado pelo ministro da Defesa Siwar el-Dahab, em abril de 1985. Formou-se um breve governo de coalizão civil, sob a liderança de Sadiq al-Mahdi.4 A guerra civil, no entanto, continuou; o Exército de Libertação do Povo Sudanês (ELPS) militarizou grande parte do sul do país, enquanto a Frente Islâmica Nacional (FIN) fortalecia sua presença no norte. Em abril de 1986, realizaram-se as primeiras eleições parlamentares democráticas em 18 anos, as quais colocaram no poder uma coligação de partidos do Norte que tentou negociar com o Sul, mas viu-se confrontada com gravíssimos problemas políticos e econômicos.
A instabilidade política e as tentativas frustradas de obter um acordo de paz com o ELPS levaram o general de brigada Omar Hassan Ahmad al-Bashir, em junho de 1989, a depôr o primeiro-ministro Sadiq al-Mahdi, declarar estado de emergência e nomear um Conselho de Estado.4 O novo governo, que baniu todos os partidos políticos, foi fortemente influenciado pelo fundamentalismo islâmico e pouco se esforçou para apaziguar os rebeldes do sul do país.

O regime de Bashir enfrentou, no sul, o Movimento para a Libertação do Povo do Sudão (MLPS), comandada pelo coronel John Garang. Em maio de 1998, o direito à autodeterminação dos povos do sul sudanês foi reconhecido, mas não surtiu efeito. O problema essencial não foi a independência, que as organizações do sul não reivindicavam formalmente, mas a decisão de aplicar a Lei de Sharia ao conjunto da população. Ajudado unicamente pelas organizações não-governamentais, o sul sudanês continuou devastado pela guerra civil.

O início da década de 90 testemunhou o influxo de alguns milhões de refugiados da Etiópia e do Chade. Na Guerra do Golfo, em 1990, a decisão de apoiar o Iraque contra o Kuwait isolou o Sudão não só do Ocidente como também de seus vizinhos árabes. Em meados da década de 1990, a guerra civil, a seca e as inundações haviam provocado centenas de milhares de refugiados e feito um número equivalente de vítimas da fome e da carência geral. A população sudanesa tem suportado uma desastrosa gestão econômica do país onde a escassez de alimentos não pára de se agravar, assim como um clima de constante tensão e instabilidade política. 20% do PIB é gasto em despesas de guerra e, em 1995, a inflação foi de 85%.
Em 1996, o general al-Bachir foi confirmado na chefia do Estado por eleição (reeleito em 2000). Desde 2003, em Darfur a violenta repressão de movimentos de insurreição por milícias locais, apoiadas pelo Exército, provocou uma catástrofe humanitária (Conflito de Darfur). Em 2005, o governo sudanês e a rebelião sulista assinaram um acordo de paz, pondo fim ao conflito travado desde 1983. O general Salva Kiir (sucessor de J. Garang, morto acidentalmente em julho) tornou-se primeiro vice-presidente da República. Foi instituído um governo de união nacional.
Em janeiro de 2011, em referendo previsto pelo acordo de paz de 2005, quase 99% dos sulinos votaram pela separação em relação ao norte. Em 9 de julho de 2011, a República do Sudão do Sul, com capital em Juba, declarou sua independência.
                                                Wikipédia, acesso em : 02/03/14
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Sud%C3%A3o

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