Tensões políticas e religiosas minaram a estabilidade do país e, ainda em
1956, rebentou a
guerra civil, iniciada no sul, contra o domínio do norte. Em causa estavam as rivalidades seculares entre o Norte, de religião muçulmana, e o Sul, de tradição
cristã e
animista de expressão africana. Em
1958, após as primeiras eleições, o novo governo foi derrotado pelo tenente-general
Ibrahim Abboud, o qual dissolveu o Parlamento, suspendeu a Constituição, declarou
lei marcial e se autoproclamou
primeiro-ministro.
4 Em
1964, Abbud foi deposto por uma revolução popular e assumiu o poder um
Conselho de Estado.
4
Em
1969, um grupo de militares dirigido pelo coronel
Yaffar al-Numeiry (
Djafar al-Nimayri) assumiu o poder via golpe militar
4 e, três anos mais tarde, em
1972,
negociou um cessar-fogo com os separatistas do sul, dando-lhes certa
autonomia, pondo fim à
guerra civil, que durava havia 16 anos.
4 Numeiry formou um governo de esquerda e, em
1973, proclamou o Sudão um
Estado de partido único. Após várias tentativas de
golpes de Estado (
como o de 1971), Numeiry expulsou os conselheiros militares
soviéticos (
1977) e voltou-se para o Egito e os Estados árabes conservadores do
Ocidente, aos quais solicitou ajuda política e econômica. Nesse mesmo ano, um acordo de reconciliação nacional permitiu o retorno ao Sudão dos líderes da oposição islâmica no exílio. Esta nova orientação política permitiu negociações com a
Etiópia, de que resultou um acordo com
Addis-Abeba e o aumento da popularidade do general Numeiry. Na
década de oitenta, o Sudão recebia um auxílio estrangeiro superior a 700 milhões de
dólares, mais do que qualquer outro país africano.
O país viria a ser assolado pela seca, que deixou vastas áreas desertificadas. A estabilidade do país se viu ameaçada pela chegada de um milhão de
refugiados da
Eritreia,
Uganda,
Chade e, principalmente,
Etiópia, onde eram vítimas de
fome e de
guerra. A economia sudanesa só se tem mantido à custa de
subsídios dos países árabes ricos, da
União Europeia e dos
Estados Unidos. Em
1983, o presidente Numeiry ganhou as eleições pela terceira vez e tentou consolidar a sua base de apoio entre os
fundamentalistas islâmicos introduzindo a
lei islâmica (
sharia)
4 , com severas punições sob a forma de
açoitamentos,
mutilações e
enforcamentos. Esta política desencadeou o reinício das atividades
guerrilheiras separatistas no sul do Sudão entre os não muçulmanos (
2ª Guerra Civil Sudanesa).
4 O
Exército de Libertação do Povo Sudanês (
ELPS) afundou um
barco no
Nilo, causando centenas de
mortes e bloqueando o tráfico fluvial, atacou instalações estrangeiras e minou
estradas e
linhas-férreas.
Movimentos populares e
greves incentivaram a derrubada do governo de Numeiry pelo
exército, liderado pelo ministro da Defesa
Siwar el-Dahab, em abril de 1985. Formou-se um breve governo de coalizão civil, sob a liderança de
Sadiq al-Mahdi.
4 A
guerra civil, no entanto, continuou; o
Exército de Libertação do Povo Sudanês (
ELPS) militarizou grande parte do
sul do país, enquanto a
Frente Islâmica Nacional (
FIN) fortalecia sua presença no norte. Em abril de 1986, realizaram-se as primeiras eleições parlamentares
democráticas em 18 anos, as quais colocaram no poder uma coligação de partidos do Norte que tentou negociar com o Sul, mas viu-se confrontada com gravíssimos problemas políticos e econômicos.
A instabilidade política e as tentativas frustradas de obter um acordo de paz com o ELPS levaram o general de brigada
Omar Hassan Ahmad al-Bashir, em junho de 1989,
a depôr o
primeiro-ministro Sadiq al-Mahdi, declarar
estado de emergência e nomear um
Conselho de Estado.
4 O novo governo, que baniu todos os
partidos políticos, foi fortemente influenciado pelo
fundamentalismo islâmico e pouco se esforçou para apaziguar os rebeldes do
sul do país.
O regime de Bashir enfrentou, no sul, o
Movimento para a Libertação do Povo do Sudão (
MLPS), comandada pelo coronel
John Garang. Em maio de 1998, o direito à autodeterminação dos povos do sul sudanês foi reconhecido, mas não surtiu efeito. O problema essencial não foi a independência, que as organizações do sul não reivindicavam formalmente, mas a decisão de aplicar a
Lei de Sharia ao conjunto da população. Ajudado unicamente pelas
organizações não-governamentais, o
sul sudanês continuou devastado pela
guerra civil.
O início da
década de 90 testemunhou o influxo de alguns milhões de refugiados da
Etiópia e do
Chade. Na
Guerra do Golfo, em 1990, a decisão de apoiar o
Iraque contra o
Kuwait isolou o Sudão não só do
Ocidente como também de seus vizinhos árabes. Em meados da década de 1990, a
guerra civil, a
seca e as inundações haviam provocado centenas de milhares de refugiados e feito um número equivalente de vítimas da
fome e da carência geral. A população sudanesa tem suportado uma desastrosa gestão econômica do país onde a escassez de
alimentos não pára de se agravar, assim como um clima de constante tensão e instabilidade política. 20% do
PIB é gasto em despesas de
guerra e, em 1995, a
inflação foi de 85%.
Em 1996, o general al-Bachir foi confirmado na chefia do Estado por eleição (reeleito em 2000). Desde 2003, em
Darfur a violenta repressão de movimentos de insurreição por milícias locais, apoiadas pelo Exército, provocou uma catástrofe humanitária (
Conflito de Darfur). Em 2005, o governo sudanês e a rebelião sulista assinaram
um acordo de paz, pondo fim ao conflito travado desde 1983. O general
Salva Kiir (sucessor de J. Garang, morto acidentalmente em julho) tornou-se primeiro vice-presidente da República. Foi instituído um governo de união nacional.
Em janeiro de 2011, em referendo previsto pelo
acordo de paz de 2005, quase 99% dos sulinos votaram pela separação em relação ao norte. Em 9 de julho de 2011, a
República do Sudão do Sul, com capital em
Juba, declarou sua independência.
Wikipédia, acesso em : 02/03/14
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Sud%C3%A3o